terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Caos urbano

Ontem vi de perto o caos que as chuvas aliadas a incompetência do Estado e o desleixo da população são capazes de fazer.
Seja uma pancada torrencial ou mesmo passageira de intensidade média, riachos, rios e córregos avançam sobre ruas, carros e casas alagando a tudo e levando consigo além da lama a honra e esperança das pessoas.
Acompanhei mais de perto o caos pelo qual quem está tentando voltar para casa nos trens da CPTM enfrenta diariamente nesse peíodo chuvoso.
Primeiro a falta de informação sobre o que fazer e para onde ir dos próprios funcionários conosco, usuários.
Prova disso foi que mesmo em meio ao caos na cidade ontem, o 0800 da CPTM informava que as linhas estavam funcionando tranquila e normalmente, sendo que os trens já não circulavam entre Utinga e Mauá.
Depois, devido à falta de informação, ocorre a superpolatação das plataformas à espera do trem preso em alguma parte da via, impedido de avançar devido à cheia dos ribeirões e córregos vizinhos à ferrovia.
Por fim, quando o trem finalmente chega, o sentimento vil de luta pela "sobrevivência" cega grande parte dos homens que saem atropelando mulheres crianças, grávidas, avós, enfim qualquer coisa que esteja entre a plataforma e a porta do vagão. E coitado de quem estiver tentando sair, ou desiste e desce na próxima estação ou enfrenta de cabeça literalmente o rebanho que quer entrar a todo custo.
Além de tudo isso, o trem é obrigado a avançar sobre os trilhos de maneira lenta para não correr risco de descarrilhar.
Motivo pelo qual a viagem que já não é lá muito confortável torna-se um tormento pois é impossível se mexer devido a quantidade excessiva de passageiros no vagão e pela lentidão do trem o trajeto demanda um tempo mais extenso do que o normal.
Essa sim é uma prova de resistência diária e o prêmio, ao contrário dos "Big Brothers" e "No Limites" da televisão, não é um carro e sim apenas o ALÍVIO de poder dizer que chegou-se em casa.
Portanto se você prestar bem atenção, a culpa não cabe somente a esse ou aquele, diversos atores contribuem para o quadro caótico de todo fim de tarde paulista nesse período de chuvas.
A culpa é desde o Governo que planejou mal suas cidades e áreas de escoamento além de não ter construído os piscinões que foram prometidos (na verdade São Paulo construiu menos de 20% dos piscinões planejados), passando pelas empresas de transporte que não dão assistência ao usuário, e terminam na população que vira bicho e ignora qualquer conceito de educação e sociabilidade nos momentos de caos e desinformação agindo como rebanhos de bois insandecidos.
Olham alguém tomando uma ação e sem pensar simplesmente seguem aquele exemplo, na maior parte das vezes, estúpido exemplo como o povo que largou o trem em Utinga para vir a pé pela via alagada até Santo André ou mesmo dos que atravessaram as plataformas da estação de Santo André pulando através dos trilhos ou mesmo o povo que entra na estação e permanece em frente as catracas sendo que nas pontas da plataforma onde ficam o primeiro e o último vagão resta muitíssimo espaço e pouca muvuca.
Portanto, na próxima situação de caos pela qual você passar tente antes de agir como se fizesse parte de uma boiada, raciocinar logicamente e não cometer burrices por impulso porque outros estão fazendo, seja diferente e sábio.
"Ignorante é aquele que não aprende nunca, inteligente é aquele que aprende com seus erros e sábio é o que aprende com os erros dos outros."