segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Resenha: Amor sem escalas

A comédia romântica apresenta a história de Ryan Bingham (George Cloney), funcionário de uma empresa terceirizada responsável por demitir os funcionários das empresas contratantes afetadas pela crise econômica. E para realizar esse trabalho ele viaja por diversos lugares tanto nos EUA quanto no exterior.
O filme aborda portanto o ritmo de vida desse cidadão que não tem uma casa para morar, que está sempre acompanhado porém no seu íntimo é solitário, não tem uma casa para onde voltar ou uma família para o receber. Sua casa é um flat alugado e sua família duas irmãs que ele não faz questão de ver.
O personagem de Cloney é totalmente desapegado de imóveis. Ele não faz questão alguma de ter carros, casas ou outros bens, para Ryan Bingham, tudo o que lhe interessa cabe na sua mala de viagens.
Nos relacionamentos a mesma coisa, em cada aeroporto uma mulher diferente, casos sem importância e sem relevância para ele e para as amantes.
Até que tudo muda quando ele se vê apaixonado pela bela Alex (Vera Farmiga) que tem a mesma vida itinerante que ele.
Sua paixão se revela, em partes, graças a sensibilidade que sua nova jovem colega de trabalho Nathalie (Ana Kendrick) o instiga após inúmeras discuções a refletir sobre o sentido que a vida dele têm sem o propósito de ter uma família ou raízes onde se ligar.
A história reflete a distância em que as pessoas estão cada vez mais umas das outras, preferindo se relacionar por internet do que pessoalmente, reflete a sociedade egoísta e individualista que vivemos no ocidente cheia de emoções e relacionamentos falsos em que o padrão de sucesso a ser seguido é ser uma pessoa cheia de bens materiais.
Achei muito interessante também a abordagem ao desemprego pelo qual os EUA estão passando desde o início da crise mundial em 2009, que levou a níveis jamais vistos as taxas dos desocupados no país.
Vale ressaltar a brilhante atuação do trio principal do filme, que contagiam o expectador e são capazes de nos transportar para a história, não à toa os três concorrem a estatuetas de interpretação no OSCAR 2010
"Amor sem escalas" é baseado no livro homônimo de Walter Kim e dirigido por Jason Reitman, do indicado ao OSCAR de melhor filme em 2008, Juno.
Jason repete nessa obra a fórmula que deu certo em Juno, que foi abordar de forma real as relações humanas na sociedade contemporânea marcada pelo crescente individualismo derivado do contato entre as pessoas mais através da tecnologia do que "face a face".
A pricípio pode parecer que será mais um filme bobo de romance porém carrega em si uma visão bastante crítica das relações humanas no mundo tecnológico moderno onde estamos cheios de um vazio profundo.

PS: A obra concorre ao OSCAR 2010 nas categorias de melhor filme, melhor diretor para Jason Reitman, melhor ator para George Cloney, Melhor Atriz Coadjuvante para Vera Farmiga e Ana Kendrick e melhor roteiro adaptado.
Nota: 8,5

Foto: Divulgação.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ótimo comentário, Felipe! Assistirei ao filme, parece-me que você tem jeito para ser crítico de cinema.

Abraços.

Francisco